Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Leitor e estudioso de literatura (crítico literário e doutras artes) frequentando o curso Literatura Moçabicana na FLCS (UEM).
Termo designativo dos textos que se preocupam em discutir o discurso literário ou opinião valorativa sobre as obras literárias. Costuma-se atribuir à crítica o papel de avaliar ou apreciar os textos considerados dignos de serem lidos, bem como seus impactos e efeitos sobre o leitor. Caberia à crítica literária, na opinião de Antoine Compagnon, em O demônio da teoria, acentuar a experiência da leitura, isto é, descrever, interpretar, avaliar, julgar, proceder “por simpatia (ou antipatia), por identificação ou projeção: seu lugar é o salão, do qual a imprensa é a metamorfose, não a universidade; sua primeira forma é a conversação”. Sabe-se que Graciliano Ramos, além de romancista, cronista, contista, dentre outras competências como escritor, foi um crítico literário (inclusive dele mesmo) reconhecidamente exigente, no que tange o discurso ficcional. Em Memórias do cárcere, ele nos diz que: “certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade – talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a delegacia de ordem política e social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer”. Nesse sentido, é preciso discutir a opinião corrente de bom ou ruim, o que é considerado pela crítica como objeto literário de valor ou não. Assim, o interesse pela noção de “bom gosto” da obra literária está sempre balizada por uma comunidade interpretativa legitimada pelas afirmações da própria crítica, a saber, uma comunidade ao mesmo tempo canonizada e canonizante. A crítica é, assim, circundada por esquemas ideológicos e efeitos de sentido que não são naturais do objeto que ela estuda e avalia, mas pelas convenções sociais, de grupo ou grupos de interesses. A tarefa do crítico é sempre agir dentro de um campo cultural específico, visando a desconstruí-lo, transformá-lo ou mesmo ratificá-lo. (Por: Erick da Silva Bernardes).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.